sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O Bitaite

Não existe no dicionário, mas é muito real.
O Bitaite é um vírus
O Bitaite propaga-se, contagia
O Bitaite é esculpido com a insegurança do Homem.
É como uma cusquice.
Assenta em pequenos pontos de contacto com a realidade e com eles assume-se como verdade absoluta.

Começa por ser inocente, jocoso e brincalhão.
Amadurece, torna-se provável, questionável.
Quando damos por ele, já é mordaz, implacável e irrefutável.

O poder do bitaite está em ser autista.
É indiscutível, não deixa espaço à discussão.
Não tem sustentação logo não pode ser debatido.

Mas ele existe e é poderoso.
Com ele se constroiem torres de verdades.
Com ele se brilha sem olhar a consequências.

Como seria fácil se tudo fosse a preto e branco.
Sim ou não.
Bolacha ou gelado de limão.

Vivemos num degradê de cinzentos.
As decisões difíceis residem algures entre um cinzento claro e um branco escurecido.

E depois surge o bitaite.

Aquele que traz côr ao debate de ideias.
O duche de água fresca.
A salvação para o espírito preguiçoso.

De repente o banal é interessante.
De repente tudo é fácil.

Desvirtualizam-se ideais, questionam-se carácteres, ponderam-se verdades absolutas.
E tudo de uma forma totalmente impune.
O Bitaite é curiosamente o alicerce base de muitas decisões tomadas.

Mas depois são as fotografias a preto e branco que mais falam connosco.
Aí vemos expressões, sofrimentos, conquistas,
Alegrias e sonhos.

O fogo de artifício é exuberante, mas queima.

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