sexta-feira, 28 de junho de 2013

DEcantador

De_Cantador,

De alguém que embala, que canta.

 

Decantador é também algo que ajuda a libertar o aroma do vinho novo,

Ou a separar os sedimentos de vinhos mais maduros.


Separar o que não presta, ou ajudar a realçar o que de melhor existe.

 

A cantar também acontece o mesmo, neste caso com o ser humano. 

Seja voz boa ou má,

forte ou baixa,

Quem canta, executa em si um acto de libertação,

 

Aplica-lhe a respiração abdominal,

Mexe nas emoções. 

Nas suas e nas dos outros.

 

E isto, a meu ver, é decantar o espírito.



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Paixão

Por entre olhares e palavras não escutadas, 
Dizes-me o que te vai na alma.
E eu escuto o teu querer.

Raízes do mesmo coração, da mesma água e da mesma terra, 
Respiramos o mesmo ar, o mesmo calor.

Somos um apenas.

Apenas e Tanto.


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Pronto, já estou Pronto!


Há viagens que surgem do nada, e outras que são planeadas à exaustao.

Mas também as há, preparadas, planeadas, mas que não há maneira de começarem.
Em que todos os preparativos são cumpridos e nada acontece.

Navios que ficam no porto.
Águias que nunca largaram o ninho.

São as alturas em que julgamos que mais nada há a dizer e que...Pronto, já está tudo. 
Já estamos à espera, à escuta. 
"Venha ela!"

...mas ela não vem...

É como se estivéssemos largados numa ilha deserta, preparando o dia em que o navio nos vem buscar, 
Já arrumámos a barraca, juntámos os trapos, penteamos o cabelo e agora já só faltava mesmo era o navio aparecer,

Mas não há meios de surgir...

Talvez porque ainda não estávamos prontos e por isso ainda era cedo para vir, e sentimos que temos a oportunidade divina para arrumar o que afinal ainda faltava.

Arrumamos mais uma folha de palmeira e endireitamos um último coco desalinhado.
E ficamos a olhar o horizonte, na esperança de um sinal de fumo.

Nada!
Nem um Sinal.

Sofremos, choramos, imploramos.
Gritamos enraivecidos "Porquê!!"
..E desistimos. 

Soltamos um ultimo suspiro vestido de nada e entregamos-nos ao destino.
Morremos.

Depois de fartos de todo este teatro damos por nós a brincar com grãos de areia, esquecidos de tudo e de todos. Esquecidos de nós próprios.

E é aí que fazemos o clique: O Sinal era não haver sinal!

Depois de despidos de expectativas e de ideias pré-concebidas, finalmente entendemos que 
Se estou Pronto, devo arrancar!

Soltar amarras. 
Tudo o que havia para fazer já está feito. 

Ninguém vem-te buscar. Tens que ser tu a ir à procura.
Se já estás pronto, estás pronto para partir. 

Tu és o Sinal.
O que custa chama-se medo.


quarta-feira, 12 de junho de 2013

Flow

O tempo marcado no relógio, aparenta viver separado em milhares de pequenos pedaços. 
Horas, minutos, segundos...

Intervalos maiores ou mais pequenos supostamente constituem aquilo que se sugere ser uma soma de amostragens discretas. Uma amálgama caótica de experiências soltas.

Tal como no rio, o tempo não é um conjunto de gotas de água perdidas.

O rio, ou neste caso o tempo, é um só.

Preencher os intervalos com a substância que tudo cola, que tudo sara, e que faz com que tudo faça sentido, permite-nos alcançar que todos esses pequenos pedaços de desnorte são na verdade um contínuo de significado.

Encontramos o fio condutor.

Entendemos finalmente o que significa estar acompanhado.
Sentimos presença.
Criamos plenitude.

Aprendemos a Estar,
Talvez de forma diferente.
Porventura mais presente.

Com mais presentes.


Amazónia

Ao chegar perto de ti, gritaste comigo.
Gritaste como um trovão, mas silencioso.
Com uma tranquilidade aterradora.
Uma quietude inquietante.

Pediste-me que me calasse.
Que deixasse o dia para trás.
Que o esquecesse.

Disseste-me para acordar.
Para abrir os olhos e Ver.

Ofereceste-te a mim.

Fitaste-me nos olhos e em vez de mostrares o teu Sol, entregaste frescura e afecto.
Presenteaste-me com um indescritível anoitecer seguro.

Apenas um ou outro pássaro se ouvia ao longe, num chilrear mais distraído.
Até que tudo se calou.
Como se de uma orquestra se tratasse, alinhando-se e aguardando pelo seu Maestro.

E eu, deixei-me estar, 
imóvel, 
pronto, 
atento, 
à escuta.

No meio do silêncio surgiram finalmente por entre as copas, como que Deuses pairando por entre as nuvens, pequenos rasgos de inspiração. 
Pedaços de vida que inspirados, me trouxeram a mim, à minha terra, ao meu ser.

Hoje reapaixonei-me por ti.
De tão belo que te apresentaste perante mim, deslumbrante vale encantado.


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Nova corrida, nova viagem

Olhar a morte de frente sempre foi um óptimo argumento para dar novo fulgor à Vida.

Os limites mostram-nos sempre onde termina o que somos e onde começa o que ainda não somos.

Trabalhar significa a oportunidade de trazer ao de cima. 
Significa assumir, para decidir se é para sedimentar ou se é para alterar.

Só assim conseguimos passar ao degrau seguinte e saltar para o próximo aquário.

Dizem que no final está um oceano à espera. 
Estaremos preparados para esse dia que se aproxima?
Quantos aquários faltam ainda?
No dia do Grande azul, seremos néons, tubarões ou baleias?
Ou simplesmente Nós Próprios, na plenitude de auto-conhecimento e enraizamento, de queixo erguido, com o sentimento de missão cumprida?


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Alvo

Mesmo que mil vezes sejam necessárias para Encontrar, não podemos deixar-nos embalar na canção da Procura, sob pena de nunca Achar.

A cada tentativa,devemos criar o espaço necessário para que sendo, seja.