sexta-feira, 19 de outubro de 2007

"Ela também não é parva"

Ela também não é parva - disse ele comentando o seu litígio com a sua ex-mulher.

Muito sinceramente...são os dois parvos.

Porque se casaram?
Porque se divorciaram?

Porque deixaram consumir-se por comentários infelizes no momento errado?

Tal como a morte pública de Kramer da série Seinfeld.
Este pobre homem disse demasiado no momento errado na hora errada.
Pior que isso foi tentar em vão levar o tema à exaustão numa esperança vã de um volte-face.
Volte-face esse que não surgiu..

A multidão condenou-o e ele perdido e só, definhou.

Tudo por meia dúzia de palavras mal medidas.
Tudo por um comentário infeliz.
Tudo por uma brincadeira de mau gosto.

O mau gosto surge do facto de esquecermos que o Mundo também gira para os outros.

Que os outros sofreram,
Que o outro tem sentimentos.

Nós só somos felizes com outros, nunca sozinhos.
Esquecê-los é esquecer a nossa felicidade.

E é aqui que surge o paradoxo.
Como libertar a nossa mente livremente sem ferir os outros?
Da mesma maneira que nos devemos questionar como seremos capazes de viver sem nos sentirmos feridos com as "brincadeiras de mau gosto" dos outros.

São de mau gosto porque em nós existe algo que não foi ainda digerido, caso contrário, seria simplesmente irrelevante.

Recriminar o próximo resulta simplesmente de uma reacção orgânica e involuntária de auto-defesa da nossa mente.



PS:
O triste episódio de Michael Richards (Kramer da série Seinfeld) está bem espelhado no Post "Quando a comédia dá para o torto" do Nuno Markl em http://www.havidaemmarkl.com/

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