quinta-feira, 29 de maio de 2014

Viagem


Ao procurares pelo teu pecado e virtude originais, encontrarás as margens que regem o propósito da tua caminhada.


quinta-feira, 8 de maio de 2014

Conected

Estar ligado à Internet traz-nos já hoje em dia, coisas surpreendentes como por exemplo:

1)      Ter o smartphone a avisar-nos que se sair dentro de 3 minutos, ainda consigo chegar a tempo à próxima reunião (indicando inclusivamente qual o caminho a tomar).

2)      Receber uma notificação de que um dos meus filhos acabou de sair da área geográfica que eu defini para ele, durante esta tarde.


Não é ficção científica, é a realidade – hoje: 2014.


E grátis, o que torna a coisa ainda mais “Assustadora”.

Uma pessoa, um smartphone - O chip vem a caminho.

Digo “Assustador” no sentido em que acho que muitas pessoas não estão cientes destes avanços e respectivas consequências.

No mesmo sentido “Assustador” que seria dizer a uma pessoa em 1990 que passaria a estar sempre contactável.


Em boa verdade hoje em dia já não podemos viver sem o telemóvel.

Até podemos dizer que conseguimos, mas se pensarmos bem, é difícil.

Haverá sempre alguém que reclame connosco pelo simples facto de termos o telefone desligado.

Estar ligado é agora o novo normal.


E qual é a contrapartida destas evoluções? Na verdade este nível de sofisticação não é grátis. 

Tem um custo.

Neste caso pagamos com a nossa falta de privacidade.

Não só com a nossa mas também com a falta de privacidade das pessoas com quem nos relacionamos, por meio das aplicações que utilizamos para comunicar.


Actualmente ainda existem silos onde a privacidade é garantida, mas a pergunta é até quando?

Até quando, se sabemos que são invariavelmente os próprios cidadãos os primeiros a abdicar da dita privacidade, por meio de uma qualquer trivialidade, seja o simples formulário para ter descontos no supermercado ou a instalação do jogo grátis que de repente passa a ter a nossa localização GPS e o acesso a todos os nossos contactos (o jogo "pássaros zangados” diz alguma coisa?).


Talvez daqui a meia dúzia de anos a privacidade passe a ser simplesmente uma palavra, um mito, uma coisa qualquer que já não existe mais.

Talvez essa palavra até venha a ser retirada dos dicionários lá para 2040 – Quiçá?

Os nosso netos vão dizer:

•       “Priva quê?”

•       “Uma cidade privada avô? Um condomínio fechado?”


Dizia-me no outro dia um vendedor ambulante:

“Em 2000 eu tinha 40 anos e disse cá para comigo: Os computadores já não são para mim. Como eu estava enganado!”.

E continuou:

“Hoje sinto-me um analfabeto e ainda tenho muitos anos de vida pela frente. Não sei o que fazer, já não consigo aprender.”


Estar ligado (e por consequência exposto), é quase um requisito para não ficar para trás,

Para não ficar obsoleto.  Para não perder o barco.


Mas até quando podemos tomar a decisão livre de desligar? Será que ainda é uma opção?

E será que foram estes os dilemas que estiveram na base da cultura “Amish“? Se assim foi, diria que agora compreendo (pelo menos em parte) porque é que meia dúzia de suíços decidiu radicalizar-se há 300 anos atrás.


Pela parte que me toca, amanhã, novo post.

Acredito na tecnologia e considero que as vantagens ainda conseguem superar as desvantagens.

Continuo ligado, mas ao mesmo tempo cada vez mais ciente do que estou a dar em troca.


Até já.




quarta-feira, 7 de maio de 2014

Homem invisível

Gosto de passear pelas ruas de Lisboa.
Em boa verdade tanto pode ser Lisboa como Turim, Reiquiavique, Atenas ou tantas outras por onde já   vagueei.

Fazem-me lembrar as caminhadas com o meu avô.
Gosto, pelas ruas, e sobretudo pelas pessoas.

Ao cruzar-me com desconhecidos, ouço pequenos pedaços de vida, 
Uma frase, uma reacção, um gesto.
E imagino cenários.
Sem pesos de contexto, como a melhor aproximação possível à raiz da espontaneidade.

Estas viagens espoletam reflexões e aprendizagens.

Tenho pena de uma coisa. 
De não ser invisível.

Sei que existem Universidades por esse Mundo fora que já estão a tratar disso, 
mas falta esperar mais um pouco.

Tenho a certeza de que quando as pessoas sabem que estão a ser observadas, criam camadas e nessas pessoas me incluo.
São níveis de protecção que escondem o nosso interior.

Ser invisível poderia ser a lente para uma viagem mais verdadeira, mais crua.

Mas não estaria eu a invadir a privacidade sem convite?
E não poderia também eu ser observado sem saber?

Estou certo de que já somos, só não sei até que ponto.

Ainda assim acho que é preciso amadurecermos para chegar a esse nível de transparência, que faz sentido se for mútua. 

De qualquer das formas, ser invisível também implicaria observar um Mundo que não é o meu
Observaria um Mundo só dos outros.

Ao não experimentar, não fazemos parte.
Se não fazemos parte, não faz sentido - Estamos cá para fazer parte.

Seríamos apenas uma sombra daquilo que podemos ser.

Posto isto, vou manter os meus passeios.
Procurar por pedaços de vidas, que são também pedaços da minha vida.


terça-feira, 6 de maio de 2014

Tudo ou Nada

Nada, em Tudo se converte

Mas do Tudo, nada nascerá.

Nem mesmo, o Nada.


Para, o Tudo ao Nada chegar,

Por terra estéril, terá que deambular.


Porque o Tudo de nada vale.

Quando é frio de necessidades

e paralisado de vontades.


Tal como a um bloco de gelo, 

Ao Tudo, impõe-se o picador.

A ruptura que traz o Tudo 

de novo ao estado,

líquido.


Nesse estado, 

o Tudo encontra o fino equilíbrio de trapezista,

O balanço entre a estrutura e a flexibilidade.


O ponto de fervura no qual da água, brota a Vida.




Deixar

Purificar é olhar em frente

Limpar é estar presente.


Se o ausente cresce em ditador,

O presente liberta em dor.


O espaço não se concretiza.

E o tempo não germina.


Ser, significa voar.

Amar, significa deixar.