segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Luvas pretas

Por ironia do destino eram pretas as únicas luvas que encontrei na casa das ferramentas.

Pretas como que apropriadas para fazer algo que eu nunca havia feito.

Encontrei-te ontem prostrado no jardim, de barriga para baixo, rijo, imóvel.

Percebi logo que o teu momento havia chegado.
Morreste.
Não sei se de forma tranquila ou se a lutar como um urso. Mas um Urso eras de certeza no teu interior.

Ainda hoje recordo o episódio onde tu obstinadamente lutaste perante um cavalo, sem olhar a receios ou a tamanhos.
Muito me marcou a tua força de guerreiro romano ao levantares-te depois da pancada e lançares-te novamente à carga com o mesmo ímpeto, a mesma raça, a mesma convicção.

Passados 9 anos desde que vieste ter connosco estavas agora mais sereno, mas ainda assim Leão por dentro, num instinto impossível de domesticar.
Passados nove anos, deste a tua jornada por cumprida.

Hoje fui eu que ouvi o som ouco do teu corpo vazio a tombar para o buraco.
Hoje coube-me a mim atirar terra por cima de ti.

Serás mais um dos professores a recordar.
Deixo o teu corpo no sítio onde o decidiste abandonar.

Adeus Sky – Obrigado pelas tuas lições.

Apenas uma foto para te recordar, para te homenagear:


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