quinta-feira, 30 de abril de 2015

Conversas atentas

Estar atento ao que acontece à nossa volta é o método mais simples e eficaz para contornar a gritaria do nosso processo mental.

Basta abrandar para ouvir os sinais.
Basta parar para interpretar os movimentos.

Se assim o fizermos, mais facilmente chegamos ao nosso centro.

Descobrir no dia-a-dia, a razão de todos os pequenos acontecimentos, 
Encontrar o fio condutor, 
razão da nossa crença e dos nossos sorrisos.

Procurar em redor os espelhos que mostram quem somos, 
Alinhar no fluxo continuo de informação e beber da fonte de onde nasce o diálogo coerente e construtivo.

O diálogo entre quem? 
Entre nós próprios.


quarta-feira, 29 de abril de 2015

A roleta e a bússola


Há dias melhores e dias piores.
É o destino do acaso.

A preparação serve sempre para limar as arestas e moldar o barro à tua intenção.

Sempre que uma vitória te cair inesperadamente no colo, abraça-a e aceita-a de boa vontade, tirando dela o maior partido.

Se por outro lado for uma derrota que te bata à porta, trata de garantir que ela não foi em vão. 
Ela não foi uma simples obra do acaso - No mínimo, foste tu que deste espaço para que tal acontecesse.

Já notaste o quão semelhantes são a roleta e a bússola?
Talvez a mensagem seja a de que devemos transformar a roleta numa bússola.

Podes às vezes ganhar por sorte, mas trata de nunca perderes por azar.

Sabes, 
A vida deixa de ser uma seca, a partir do momento em que fazes as pazes com ela.


segunda-feira, 27 de abril de 2015

O abraço

Ontem, no topo da sua coragem de 3 aninhos, um menino lançou-se à travessia de uma ponte de corda.

A meio, hesitou. Paralisou.


Na outra extremidade, um homem, no topo da árvore.

Um homem a quem de repente foi dada a missão de agir, de dar conforto, à criança que tremia.

Esse homem teve a sorte de estar ali, e também a presença de espírito de no momento certo, limpar-lhe todas as inseguranças e receios.

O homem não sabia, mas ele era um homem-Gorila.

Um velho e sábio Gorila de abraço quente e apertado.


Descobriu que era Gorila porque bastou só isso,

O abraço apertado.

Sem saber, fez o que devia.


O abraço fez com que tudo se desfizesse num ápice.

O Homem, agora Gorila, pegou no menino, agora Tarzan, e levou-o à outra extremidade.


O menino levantou o queixo e acenou para os seus Pais, que assistiam atentos e perplexos, num misto de orgulho e preocupação perante a façanha a que o seu rebento se havia proposto.


Talvez um dia o menino-Tarzan não se lembre.

Mas o homem-Gorila não esquecerá.


Porque da sua memória não sairá a imagem esculpida do momento em que ele soube estar à altura.

Foi a ele que lhe calhou esta sorte - podia ter sido qualquer outro.


Mas foi a ele que lhe deram este presente.

O presente de perceber que basta Um só abraço,


..porque é de abraços que a Vida é feita.



terça-feira, 21 de abril de 2015

O Sapo

Parquimentos,
Impostos sobre os combustíveis,
Portagens,
IVA,
IMI,
Imposto de Circulação,
Imposto de Selo,
Inspecções periódicas,
Certificações energéticas,
e muitos outros

..Tantas e tantas taxas e taxinhas, umas declaradas outras dissimuladas.
Chego à conclusão que todas estas migalhas são o grande Pão que nos tiram diariamente da boca.

Tudo para encher um balde roto, cheiro de buracos por onde se alimentam os impunes que desfilam sorridentes, perante a nossa passividade, com uma aparente imunidade acima de qualquer suspeita.

Viver neste País é difícil.
Não será o mais difícil - é certo. Há por aí muita tristeza pelo Mundo fora.
Mas ao ambicionar melhor, (em vez de comparar com o pior) só posso dizer que viver em Portugal é difícil.
E é triste dizer isto.

É difícil porque são inúmeros os lastros que se impõem à nossa população activa, paralizando-a.

Os Portugueses não têm motivação?
Os Portugueses não trabalham?
Mas afinal com quantos quilos às costas têm os Portugueses que trabalhar todos os dias para justificar o seu valor?
Não me venham falar de preguiçosos e de gerações rasca.
Há muita força nos braços.
...Daquela que só se encontrava nos melhores escravos de galés.

Como explicar esta realidade aos nossos filhos, sem parecer no mínimo anedótico?
Sem parecer um Sapo.
Um Sapo que vai cozendo lentamente na panela, até ser tarde demais.
As taxas e taxinhas são o lume brando, e nós, os Sapos que vamos cozendo.

Na Idade Média haviam senhorios que sabiam manter um modelo "sustentável" que lhes garantia o sustento.
Eles sabiam como manter os Sapos vivos para se manterem produtivos, por mais cruel que isto possa parecer.
Simples - inspiraram-se nos exemplos da Natureza.
Na altura o Sapo raramente cozia e nunca lhe saltava a tampa, ou pelo menos só lhe saltava uma vez.

Hoje, em 2015, seria suposto sermos mais inteligentes e acima de tudo mais Humanos.

Não.

Hoje em dia o estrangulamento das famílias portuguesas é de tal forma que só lhes resta uma solução
Saltar a tampa não, que somos um povo demasiado civilizado para isso. A revolução dos cravos é a prova inequivoca de uma revolução civilizada como mais nenhum povo foi capaz de o fazer.

Portanto a solução é saltar da panela - Fugir, Emigrar.
Tentar outras paragens onde o senhorio (País) seja mais "inteligente".
Já perdia a conta ao número de amigos a quem a Pátria os abandonou.
Amigos a viver com dor no peito por não poderem viver no sítio onde nasceram.

Ahh Portugal, assim resta-te um só Fado.
O Fado do moribundo,
Do País extinto de Sapos a quem cobrar mais taxas e taxinhas de que tanto dependes.
E depois vais viver do quê?
Casinos? Eonomias paralelas, esquemas e afins?

Levanta-me esse queixo Portugal!
Ainda vais a tempo.
Assume-te senhor do teu nariz!

Ainda não desisti deste Paraíso que só se reconhece por quem já vagueou lá por fora.
Mas também confesso que não vislumbro uma mudança de direcção num futuro próximo (independentemente da cor política).
Por isso, vou ensinando os meus filhos a pensar Global.

Não quero que eles aprendam a "Engolir Sapos"



segunda-feira, 13 de abril de 2015

4 Homens perdidos

Quantas vezes almoçaste terminando com a sensação de disparates proferidos e preconceitos mal assumidos?
Quantas vezes cedeste a conversas perigosas ao ponto de teres vergonha de quem não és?

Quantas conversas perdidas? 
Quantas intrigas embarcadas?
Quantas mentiras aprovadas?
Quantas amizades queimadas?

Hoje almocei sozinho, junto a uma mesa de 4 cinquentões.

Foram muitos os disparates proferidos, sem qualquer sentido.
Parecia que nenhum deles queria aquela conversa, mas ao mesmo tempo e por força de sabe-se lá do quê,
por ali seguiram como que aprisionados uns aos outros.

A conversa não extravasou o perímetro da mesa em que se encontravam nem entornou para cima dos empregados de mesa que são a típica primeira linha e por isso não houve razão para intervir, mas fiquei com pena, de todos os quatro. 

São homens, pais, tios e maridos e não são concerteza o que demonstraram hoje, num qualquer restaurante de respeitoso das ruas de Lisboa,

Há quem diga que mais vale só que mal acompanhado.
Eu digo que mais vale uma boa companhia, do que solitariamente abandonado, embora aparentemente acompanhado.


quinta-feira, 9 de abril de 2015

Tu sabes

Tu sabes, quando tens sede.

Tu sabes, quanto num deserto te afogas.


Tu sabes que futuro te espera,

E Tu sabes que o dia vai chegar.


Só não sabes quando...


Mas tu vês.

Tu vês o dia a chegar.


E Tu sentes.

Tu sentes, o arrepio a trespassar a espinha,


Porque quando o dia chega, a magia acontece e tudo se vai.

Tudo se evapora.

O deserto

A angústia,

A sede.


Chega a hora, o minuto,

O preciso momento em que o Mundo se vira para ti e diz:


Vai,

Voa - É a tua vez.


E Tu sabes,

Que foi para isso que nasceste.


Para voar.

Para fazer o que tem que ser feito.