Há viagens que surgem do nada, e outras que são planeadas à exaustao.
Mas também as há, preparadas, planeadas, mas que não há maneira de começarem.
Em que todos os preparativos são cumpridos e nada acontece.
Navios que ficam no porto.
Águias que nunca largaram o ninho.
São as alturas em que julgamos que mais nada há a dizer e que...Pronto, já está tudo.
Já estamos à espera, à escuta.
"Venha ela!"
...mas ela não vem...
É como se estivéssemos largados numa ilha deserta, preparando o dia em que o navio nos vem buscar,
Já arrumámos a barraca, juntámos os trapos, penteamos o cabelo e agora já só faltava mesmo era o navio aparecer,
Mas não há meios de surgir...
Talvez porque ainda não estávamos prontos e por isso ainda era cedo para vir, e sentimos que temos a oportunidade divina para arrumar o que afinal ainda faltava.
Arrumamos mais uma folha de palmeira e endireitamos um último coco desalinhado.
E ficamos a olhar o horizonte, na esperança de um sinal de fumo.
Nada!
Nem um Sinal.
Sofremos, choramos, imploramos.
Gritamos enraivecidos "Porquê!!"
..E desistimos.
Soltamos um ultimo suspiro vestido de nada e entregamos-nos ao destino.
Morremos.
Depois de fartos de todo este teatro damos por nós a brincar com grãos de areia, esquecidos de tudo e de todos. Esquecidos de nós próprios.
E é aí que fazemos o clique: O Sinal era não haver sinal!
Depois de despidos de expectativas e de ideias pré-concebidas, finalmente entendemos que
Se estou Pronto, devo arrancar!
Soltar amarras.
Tudo o que havia para fazer já está feito.
Ninguém vem-te buscar. Tens que ser tu a ir à procura.
Se já estás pronto, estás pronto para partir.
Tu és o Sinal.
O que custa chama-se medo.
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