terça-feira, 31 de agosto de 2010

Memórias de infância

Para fechar os olhos e saborear lembranças:

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Jaula dourada


Vive numa jaula dourada.
Encontra-se aprisionado por entre luxos e mordomias.
É incapaz de abrir a porta.
Os seus joelhos petrificaram perante o risco de poder perder os seus alcançados níveis de conforto.
E está cego.

O Mundo Exterior é um gigante autista à sua frente.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Tempo

Pergunta: Como é que passaste estas férias?
Resposta: Passaram-se..Já acabaram ..

Pergunta: Como é que foram as férias?
Resposta: Curtas.

Assalta-me um sentimento de tristeza profunda.
Mais valia falar do tempo ou do futebol.

Então e se as perguntas fossem “Como é que passaste esta vida?” ou “Como é que foi a tua vida?
Teremos as mesmas respostas prováveis?

Por esta razão fiz uma experiencia nestas férias que agora terminam.
No dia em que entrei de férias reflecti sobre os 16 dias de férias que se seguiam.
Pensei no último dia de férias e no que deveria fazer para as aproveitar bem.
Projectei-me no dia 23 de Agosto e pensei naquilo que deveria sentir ao olhar para trás.
E coloquei o relógio em contagem decrescente.

Chegou hoje esse dia – o último dia de férias.
Passados 16 dias conclui que focar-me no meu último dia de férias não fez com que as férias fossem melhores.
Tal como pensar em quantas horas me faltam para morrer (ver http://tenhoumsegredoparati.blogspot.com/2010/07/315576-horas.html ou http://tenhoumsegredoparati.blogspot.com/2008/07/298044-horas.html ) também não faz com que a minha vida tenha mais significado.
Simplesmente tornou mais amargo o momento, quando chega.

Percebi que ao focar-me no fim das férias ou por extrapolação no final de uma vida como método para dar valor ao presente, só vai fazer com que encontre o fim onde defini que ele estivesse.
Mas isso não trouxe conteúdo à viagem que fiz para alcançar o fim.
Parece-me a mim que não é como nos filmes em que se diz a alguém que vai morrer daqui a x dias ou x meses e isso faz com que de repente a vida dessa pessoa passe a ter mais sentido porque larga tudo e passa a fazer o que nunca fez, apenas porque agora não tem tempo.

Parece-me aqui e agora, que o segredo está em olhar para cada um desses dias e perceber o que nele existe. Deixar-se surpreender pelo inesperado e usufruir da elasticidade de pensamento que isso exige.
Tal como a alimentação não pode ser simplesmente o acto de comer.
Há que saborear cada garfada. É isso que dá sentido ao prato.
É essa a forma com que celebramos o facto de termos o que comer, de termos o que viver.

Há 3 anos referi o trabalho de um fotógrafo argentino (Diego Goldberg) se dedica há 34 anos a tirar fotografias tipo-passe à sua família sempre a 17 de Junho, ano após ano (http://zonezero.com/magazine/essays/diegotime/time.html).
Na altura achei interessante, a evolução de uma família, mas foram precisos 3 anos para perceber hoje, porque é que ele faz isso.
Não é para ver as diferenças, é para medir o seu Tempo. Para ter uma noção palpável do valor que a sua vida tem.

Afinal de contas, o relógio mede o Tempo mas com que Tempo é que se mede uma Vida?
À primeira vista diria que se mede com Fotografias ou Memórias, mas se calhar a resposta está nas mãos do homem sem memória que se encontra no fim dos seus dias.
A esse homem gostava de perguntar-lhe o que representa o valor da sua vida.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Respeito

Mostra as fraquezas e ganharás o respeito de quem mereces.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Visita de estudo

Hoje a minha visita de estudo foi até ao Restaurante do Museu Oriente.
Espaço agradável onde se respira – já cá tenho vindo e recomendo.
Mas há que procurar, para encontrar a sua beleza – não é evidente.

O meu Mentor trouxe-me aqui para conhecer o valor de velhas amizades.
Por entre altas patentes de outrora encontram-se crianças a viver lembranças do passado - Tempos de guerra onde os amigos são ainda mais importantes.

Homens, numa procura incessante de novas ideias, que continuam a crescer, independentemente da sua suposta idade ou estado de saúde - Sempre numa perspectiva ampla, alargada.

É um sítio especial, sem dúvida.
Mas não tanto pelo espaço em si, mas mais pelas pessoas que abriga.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Libertação do pensamento

Ao assistir uma entrevista com o controverso escritor Christopher Hitchens ouvi-o citar Nadine Gordimer (Prémio Nobel de Literatura -1991) que afirmou que “devemos tentar escrever como se já tivéssemos morrido” Porque nos liberta de todas as inibições e constrangimentos sociais que nos aprisionam os pensamentos.

Porque nos libertamos da opinião pública, das críticas e dos comentários.

E isto fez sentido não pelo que a Nadine Gordimer provavelmente quereria afirmar, que era a liberdade de expressão mas sim porque nessa perspectiva podemos escrever o que somos a cada momento, independentemente daquilo que venhamos a ser no dia seguinte.

Porque a "Coerência" não está na cristalização de pensamento mas sim na sua constante evolução.

Ausência de inspiração

No momento em que escrevo nada me ocorre ao pensamento.
Tenho a corpo inundado de sono e cansaço.

Obrigo-me a este exercício aparentemente inútil de buscar água onde ela supostamente não existe.

Faço o meu cérebro descongelar, na procura incessante da explicação de como nasce um pensamento, uma inspiração, uma mensagem ou uma lição.

Aos poucos vou acordando e encontrando significados por entre rasgos de lucidez.

Aos poucos vou percebendo que não é preciso estar no topo do Tibete para nos iluminarmos.

Não tem a ver com o Espaço. Tem a ver com o Tempo. Com o Tempo que dedicamos a nós próprios e àquilo que queremos cumprir nesta jornada.

São muitas as distrações ou então muitas as formas de traçar caminhos.

domingo, 25 de julho de 2010

315.576 horas

Há 2 anos atrás escrevi um post intitulado "298.044 horas"
Hoje faço o Post das "315.576 horas" e reflicto sobre as 341.874 horas que me restam (tendo em consideração a esperança média de vida à nascença)
Há 2 anos restavam 359.406..

O que aconteceu nestas 17.532 horas que passaram? Valeu a pena?
Nuns casos sim, noutros não.

Mas a vida é uma oportunidade para aprender. E se calhar nos casos em que acho que não, é onde deveria achar que sim. Não é fácil.

E nos casos em que acho que sim, deveria achar que são simplesmente "o descanso do guerreiro", depois de algumas aprendizagens mais duras.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O inesperado no momento certo

Dar o que é mais necessário, a quem mais precisa.
Receber, no momento em que achamos ter tudo.

Dar no momento certo, no momento mais inesperado.
Receber de dia quando navegamos à noite.

Para perceber que era preciso, mesmo quando não se tem consciência disso.

Porque não lembramos o que nos dizem.
Lembramos o que nos fazem sentir.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Já fizeste o teu "walkabout"?

http://www.telegraph.co.uk/earth/earthpicturegalleries/7898348/South-African-photographer-Hannes-Lochner-shoots-the-wildlife-of-the-Kalahari-desert-in-black-and-white.html?image=5

O que é o "Walkabout"?
É um ritual dos aborígenes australianos. Neste ritual os adolescentes partem numa viagem solitária pelo deserto durante um período que pode ir até seis meses. Seguem caminhos e pistas, sejam elas físicas ou não (estas últimas denominadas "Songlines"), para de alguma forma incorporarem os valores e actos heróicos dos seus antepassados e intensificarem a sua conexão à Terra. É um período de reflexão.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Previsibilidade

Quando nos tornamos previsíveis deixamos de surpreender.

Deixamos de ensinar.

Look on the bright side of Irracionality

Um dos meus autores favoritos do momento.

http://fora.tv/2010/06/07/Dan_Ariely_The_Upside_of_Irrationality

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Para pensar

MOMENTOS from Nuno Rocha on Vimeo.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Derivadas e Primitivas

Parar para observar.
Num qualquer centro comercial, parar apenas, e observar quem passa.

Olhar e imaginar as suas vidas, as suas paixões e os seus desencantos.
Imaginar os seus projectos, as suas acções, e o que deriva dos seus valores.
Fazer suposições sobre o que aconteceu a cada uma destas pessoas para serem hoje o que são, neste momento.

Constatar que ao circularem, parecem estar noutro plano, noutro tempo que não o Agora.
Foi entre estes cálculos de “Derivadas e Primitivas” que me dei conta de mim.

Porque reparei que à minha semelhança, ali estava outra pessoa, também sentada no Agora, também a observar.

Olhei, para quem como eu contemplava, e isso fez-me compreender perante este espelho que, tal como eu, ele estava ali para compreender.

Os outros, nós, o Todo.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Mar de Mozart

Hipnotizados por Mozart estavam umas boas centenas de Lisboetas no Largo de S Carlos na passada 3ª Feira à noite, no âmbito do programa http://www.festivalaolargo.com/

Como borboletas atraídas para a luz de uma lanterna, ali pairavam pessoas, altas e baixas, ricas e pobres, adultas e crianças.

Haviam algumas que não estavam lá pelo espectáculo, nem sequer pelo evento social.
Haviam algumas, que pelo seu olhar se percebia que estavam lá por outra coisa, talvez mais estranha e inesperada – Estavam lá pela música.

Estavam lá a viver cada segundo, bebendo o odor primaveril que se ia soltando das cordas da Metropolitana de Lisboa.

Estavam lá pelo sentimento de frescura que lhes ia atravessando os corpos naquela noite quente de Verão.

Ali estávamos nós, todos juntos, todos sós. Cada um  no seu Universo Interior, lavando a sua alma nas margens do Mar de Mozart.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Esmolas

Pediste-me uma esmola.
Ofereci-te respeito.

Estendeste a mão.
Olhei-te nos olhos.

Perguntaste "o que foi".
Desejei-te boa noite.

Na semana passada ofereci-te moedas e não vi reacção.
Hoje surpreendi-te.
Fiz Stop a essa cassete de pedinte.
Quebrei essa ladaínha que vai gelando o teu cérebro em lume brando.

Acordei-te, em troca de meia dúzia de moedas que desta vez decidi não deixar.

Nota: Porque acredito que a Web faz com que 1+1 = 3, junto aqui um video sugerido pelo Paulo Falcão
Obrigado Paulo pela sugestão de banda sonora para este post.

terça-feira, 6 de julho de 2010

"Morte para todo o sempre"

Nestes últimos dias a morte passou junto à minha porta, mas não bateu.
Precipitaram-se sinais, sonhos e pressentimentos que me colocaram no mínimo alerta.
Suficientemente preocupado para ter os olhos abertos, ainda que confusos.

E então, para meu espanto aconteceu o fantástico, aquilo que temia mas que não queria acreditar - O acidente.
Felizmente, não sei ainda bem como, estava lá “por acaso” e consegui evitar o pior.

Estava eu ainda a digerir esta “coincidência” quando sou inesperadamente convidado para ir ao funeral de um familiar de uma pessoa amiga.

Isto tudo para dizer que os passos estavam todos lá.
O acidente, a morte, a dor, o luto e o arrependimento daquilo que não se fez ou do que não se disse.
Só que não era eu quem chorava.

Muitas vezes tenho dito que bom é aprender com as experiências dos outros e não ter que passar por elas, e esta foi uma dessas situações.

Passou muito perto. Tão perto que não me posso dar ao luxo de não aprender nada com isso.

Por isso fiquei para ouvir o Padre.
Pareceu-me ouvi-lo dizer que a “Morte era para todo o sempre” - e isso não me soou bem.
Porque se assim for, então o que acontece à Vida?

Pode existir Morte sem Vida ou Vida sem Morte?
Porque é que a Morte tem que ser para todo o sempre e a Vida por apenas 80 anos?
Será a Vida apenas uma concretização efémera num plano sem continuidade?
Talvez não.

A Vida faz-me lembrar o “toque e foge” da andorinha quando pousa ao de leve na tona da água, para beber e refrescar-se um pouco.
Aquele curto momento em que a andorinha arrisca a sua existência ao tocar na água de raspão para beber um pouco, sem no entanto perder o seu vôo e com isso afogar-se.

Como se a existência desta andorinha fosse repleta de pequenas Vidas, a cada trago de água.

Mas então se assim for, o que representa o seu vôo? Ou o lago onde foi beber a água?

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Árvores - fontes de serenidade


O conforto.
O abraço maternal.

O olhar envolvente.


terça-feira, 22 de junho de 2010

A força de acreditar

Somos propensos a tentar encontrar padrões onde eles não existem. O nosso cérebro evoluiu dessa forma. Talvez foi essa a diferença que fez com que estivéssemos aqui hoje em vez de fazer parte da refeição dos nossos predadores.
Convido-te a ver o vídeo que fala sobre esta nossa vontade inata em querer acreditar – é preciso é não cair em exageros.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Salto quântico no mundo científico

O nascimento de uma espécie, totalmente sintética.
Uma evolução científica que vai mudar muita, muita coisa.



quarta-feira, 19 de maio de 2010

86400


86.400 - Parecem muitos segundos por dia.

Mas basta parar um pouco para observar com atenção o relógio.
Reparar na crueldade com que cada segundo anda para a frente, sempre ao mesmo ritmo, sempre sem parar, indomável. E com isso perceber que 86.400 se calhar não assim tantos quantos gostaríamos que fossem.

O ponteiro salta de segundo em segundo e cada um que passou, desvanece-se por entre carretos para não voltar mais.
O ponteiro violento, prepotente e imparável que não olha a nada nem a ninguém.
O ponteiro que segue em frente, de peito erguido, sem olhar para trás, sem dó nem piedade.

O que está, está – o que ficou, ficou.




segunda-feira, 17 de maio de 2010

Fórmula de sucesso

Mattieu Ricard vem a Portugal e vai estar na Aula Magna dia 26/05/2010.
Recomendo vivamente - Aqui têm alguns dos seus pontos de vista:

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Maldito cancro

Vieste treinar ontem.

Disseste-me que o pouco tempo que temos é sempre melhor que nada.

Que podemos chegar a correr, mas saímos a andar.
A andar de cabeça erguida que é totalmente diferente do que correr olhando para baixo.

O maldito cancro parece finalmente estar a sair do teu corpo.
Hoje já não trazias o lenço na cabeça e o teu cabelo já surge de novo, forte e negro.
Pareces melhor, mais forte.

Nem sei se este cancro é assim tão maldito.
Na verdade estás mais forte, não por fora, mas por dentro.

O cancro invariavelmente faz com que as pessoas cresçam rapidamente.

Bom bom é poder crescer, mas sem ter que passar por ele.

Serão as nossas memórias realmente verdadeiras?

É natural considerarmos as nossas memórias como sendo algo verdadeiro.
Mas a verdade é que talvez não seja bem assim.

Sabemos que cada pessoa interpreta a realidade de maneira diferente e logo aí constatamos duas memórias distintas para o mesmo evento.
Mas por cada pessoa, a interpretação também pode ser diferente, dependento do estado emocional, da envolvente ou devido a um qualquer factor externo.

Por exemplo, quantas vezes visitámos lugares onde anteriormente tínhamos estado e quando lá chegamos, tudo parece diferente daquilo que pensávamos ser?

Ou quando confrontamos as nossas lembranças de criança, em que o tamanho passa a ser uma questão evidente? As casas eram grandes, as árvores eram mais altas e assim por diante.

Ou por exemplo as memórias que temos de pessoas que afinal nunca foram como nos lembramos? Temos a tendência de enfatizar as boas características das pessoas que gostamos e minimizar os seus defeitos e vice-versa.

A comunidade científica está agora a chegar à conclusão de que o nosso cérebro é uma estrutura evolutiva que se molda à medida que vamos tendo as nossas experiências - e não só o cérebro se molda, como também as memórias que ele contém.

Quanto mais vezes nos lembramos de algo, maior é a probabilidade dessas memórias serem alteradas, de forma indelével ou até mesmo de forma considerável.

Não é por acaso que os psicólogos usam já há muito tempo este método para lidar com traumas ocultos – Recordar, como método de moldar as memórias e torná-las mais suaves.

Posto isto, não será válido questionarmo-nos se as nossas memórias serão realmente verdadeiras?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Contruir Grafite ou Diamantes?

A mesma diferença que distingue o diamante da grafite está patente na rede social que construímos à nossa volta.

Tem tudo a ver com a forma como os átomos de carbono se arranjam.
No Diamante são ligações de força igual em todas as direcções.

Nas redes sociais que construimos à nossa volta passa-se exactamente o mesmo.
A estrutura social onde nos inserimos, resultado daquilo que construímos à nossa volta, reflete o valor que temos como um todo - Aquilo que nós somos, representado em quem nos rodeia.

Se simplesmente consumirmos, as ligações rompem-se.
Se só dermos, as ligações não solidificam.

Há que encontrar o equilíbrio para que no final "O todo seja mais do que a soma das partes".

Convido-te a ver este vídeo: