quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Confidências ou Cusquices?

Haverá possibilidade de algum dia um confidente não ser considerado hipócrita depois de se saber que afinal de contas não é exclusivo?

Como é que uma relação de confiança pode recuperar quando o confidente afirma:
- “Eu sei uma coisa que tu não sabes, mas não te posso dizer?”

Quando a ilusão de exclusividade se desvanece, instala-se em quem confidencia um terrível sentimento de traição, de não-reciprocidade, mesmo que isso prove que as suas próprias confidências estão seguras.

O pecado está na curiosidade de quem quis saber mais, e também na ingenuidade de quem ousou desafiar a curiosidade.

Percebo agora as palavras do Steven Pinker que explicava porque é que vão sempre existir Tabus.
Há perguntas que não se fazem e respostas que não se dão.

Se olharmos por exemplo para a Igreja católica, este é um tema que já vem vindo a ser trabalhado há muitas centenas de anos.
No confessionário um padre nunca opina nem dá segredos de outros em troca.
Em vez disso, manda rezar terços.

Cada vez mais me convenço que o ganho está sempre no Dar, não no Receber.
Neste caso específico, no desabafar, não no saber dos desabafos dos outros.

É preciso saber que vivemos num mundo imperfeito.
É preciso ser capaz de arriscar sem pedir em troca.
É preciso também muita ciência para ser ombro amigo, discreto e confidente.

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