quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O porteiro da discoteca

Existem restaurantes em Lisboa onde sou previsível.

 

Sítios que escolhi, não tanto pela comida mas acima de tudo pelo ambiente e pelo trato.

Sítios onde há pessoas especiais com brio naquilo que fazem.

Pessoas que não me conhecem, mas que estão atentas a padrões.

São Homens e Mulheres que guardam dentro de si, pedaços de mim.

 

E também há sítios que risquei do mapa,

Sítios onde estive uma única vez e para onde naturalmente não sinto vontade de retornar.

 

Basta um primeiro impacto, uma primeira linha, uma interacção com o “Porteiro da Discoteca”.

Quem me pergunta por esse lugares só tem uma resposta – Há outras opções.

 

A propósito de discotecas, fui barrado à porta de uma, há muitos anos atrás.

E ainda bem que assim foi.

Fez-me pensar.

 

Fez-me pensar na sensação de rejeição,

da não pertença,

da exclusão e desvalor.

 

Mais chocante ainda, provocada por alguém a quem não lhe reconheci qualquer legitimidade para o fazer – um perfeito desconhecido.

 

Vale a pena identificarmos os porteiros das nossas discotecas.

As barreiras que deixamos crescer.

Ontem pode ter sido um porteiro, amanhã pode ser uma mágoa.

 

Para evitar cairmos no ridículo de olhar ao espelho e pensar se o porteiro vai gostar da nossa roupa, mais vale focarmos a nossa atenção nos objectivos que queremos cumprir, não nos obstáculos.

 

A gerência pode mudar. Os objectivos, convém que não.



 



 

 

 

 

 

 

 

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