quinta-feira, 8 de maio de 2014

Conected

Estar ligado à Internet traz-nos já hoje em dia, coisas surpreendentes como por exemplo:

1)      Ter o smartphone a avisar-nos que se sair dentro de 3 minutos, ainda consigo chegar a tempo à próxima reunião (indicando inclusivamente qual o caminho a tomar).

2)      Receber uma notificação de que um dos meus filhos acabou de sair da área geográfica que eu defini para ele, durante esta tarde.


Não é ficção científica, é a realidade – hoje: 2014.


E grátis, o que torna a coisa ainda mais “Assustadora”.

Uma pessoa, um smartphone - O chip vem a caminho.

Digo “Assustador” no sentido em que acho que muitas pessoas não estão cientes destes avanços e respectivas consequências.

No mesmo sentido “Assustador” que seria dizer a uma pessoa em 1990 que passaria a estar sempre contactável.


Em boa verdade hoje em dia já não podemos viver sem o telemóvel.

Até podemos dizer que conseguimos, mas se pensarmos bem, é difícil.

Haverá sempre alguém que reclame connosco pelo simples facto de termos o telefone desligado.

Estar ligado é agora o novo normal.


E qual é a contrapartida destas evoluções? Na verdade este nível de sofisticação não é grátis. 

Tem um custo.

Neste caso pagamos com a nossa falta de privacidade.

Não só com a nossa mas também com a falta de privacidade das pessoas com quem nos relacionamos, por meio das aplicações que utilizamos para comunicar.


Actualmente ainda existem silos onde a privacidade é garantida, mas a pergunta é até quando?

Até quando, se sabemos que são invariavelmente os próprios cidadãos os primeiros a abdicar da dita privacidade, por meio de uma qualquer trivialidade, seja o simples formulário para ter descontos no supermercado ou a instalação do jogo grátis que de repente passa a ter a nossa localização GPS e o acesso a todos os nossos contactos (o jogo "pássaros zangados” diz alguma coisa?).


Talvez daqui a meia dúzia de anos a privacidade passe a ser simplesmente uma palavra, um mito, uma coisa qualquer que já não existe mais.

Talvez essa palavra até venha a ser retirada dos dicionários lá para 2040 – Quiçá?

Os nosso netos vão dizer:

•       “Priva quê?”

•       “Uma cidade privada avô? Um condomínio fechado?”


Dizia-me no outro dia um vendedor ambulante:

“Em 2000 eu tinha 40 anos e disse cá para comigo: Os computadores já não são para mim. Como eu estava enganado!”.

E continuou:

“Hoje sinto-me um analfabeto e ainda tenho muitos anos de vida pela frente. Não sei o que fazer, já não consigo aprender.”


Estar ligado (e por consequência exposto), é quase um requisito para não ficar para trás,

Para não ficar obsoleto.  Para não perder o barco.


Mas até quando podemos tomar a decisão livre de desligar? Será que ainda é uma opção?

E será que foram estes os dilemas que estiveram na base da cultura “Amish“? Se assim foi, diria que agora compreendo (pelo menos em parte) porque é que meia dúzia de suíços decidiu radicalizar-se há 300 anos atrás.


Pela parte que me toca, amanhã, novo post.

Acredito na tecnologia e considero que as vantagens ainda conseguem superar as desvantagens.

Continuo ligado, mas ao mesmo tempo cada vez mais ciente do que estou a dar em troca.


Até já.




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