Nestes últimos dias a morte passou junto à minha porta, mas não bateu.
Precipitaram-se sinais, sonhos e pressentimentos que me colocaram no mínimo alerta.
Suficientemente preocupado para ter os olhos abertos, ainda que confusos.
E então, para meu espanto aconteceu o fantástico, aquilo que temia mas que não queria acreditar - O acidente.
Felizmente, não sei ainda bem como, estava lá “por acaso” e consegui evitar o pior.
Estava eu ainda a digerir esta “coincidência” quando sou inesperadamente convidado para ir ao funeral de um familiar de uma pessoa amiga.
Isto tudo para dizer que os passos estavam todos lá.
O acidente, a morte, a dor, o luto e o arrependimento daquilo que não se fez ou do que não se disse.
Só que não era eu quem chorava.
Muitas vezes tenho dito que bom é aprender com as experiências dos outros e não ter que passar por elas, e esta foi uma dessas situações.
Passou muito perto. Tão perto que não me posso dar ao luxo de não aprender nada com isso.
Por isso fiquei para ouvir o Padre.
Pareceu-me ouvi-lo dizer que a “Morte era para todo o sempre” - e isso não me soou bem.
Porque se assim for, então o que acontece à Vida?
Pode existir Morte sem Vida ou Vida sem Morte?
Porque é que a Morte tem que ser para todo o sempre e a Vida por apenas 80 anos?
Será a Vida apenas uma concretização efémera num plano sem continuidade?
Talvez não.
A Vida faz-me lembrar o “toque e foge” da andorinha quando pousa ao de leve na tona da água, para beber e refrescar-se um pouco.
Aquele curto momento em que a andorinha arrisca a sua existência ao tocar na água de raspão para beber um pouco, sem no entanto perder o seu vôo e com isso afogar-se.
Como se a existência desta andorinha fosse repleta de pequenas Vidas, a cada trago de água.
Mas então se assim for, o que representa o seu vôo? Ou o lago onde foi beber a água?
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