terça-feira, 28 de junho de 2011

Camadas de abstracção

Ganhar idade nem sempre é ganhar sapiência.
Por entre camadas de abstracção que se acumulam, há sempre algo que se perde.
Porque não há tempo, porque não se digere, ou porque simplesmente se perde a vontade..

São os grãos de pimenta preta perdidos por entre fatias de fiambre.
Fiambre que deixa de ter riqueza e passa a ser simples fiambre, perdido numa sanduíche qualquer, para engolir à pressa.

Um nível de abstracção sobre o outro.
e outro e mais outro.

Quando damos por isso, nem reconhecemos os pormenores. Nem sabemos o que são…
Pormenor? O que é isso?

É aquilo nos dá o sabor, a cor e o calor da vida,
O aroma e a melodia da paixão.

..Desaprendemos em troca do Aprender.

Aprendemos a mover os dedos,
Com os dedos pegamos no papel,
No papel aprendemos a riscar,
Com riscos fazemos desenhos,
Com desenhos fazemos projectos,
E com projectos construímos Mundos!

Mas.... e os meus dedos? e o cheiro do papel? onde ficou? Quem o desaprendeu? Quem o não esqueceu?

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