É triste assistir os corvos em acção.
Dá até pena vê-los grasnarem argumentos falsos.
Porque mentem? Não entendo.
Só vale a pena se a plateia for crédula ou gostar de ser enganada – também há quem goste, é verdade.
Sobre as Raposas o cenário é ligeiramente diferente.
Eu até acho estimulante e divertido vê-las ladrar.
São sempre criaturas muito inteligentes.
Assalta-me no entanto a vontade de perceber uma estirpe particular de Raposas e compreender o que lhes vai na alma.
O porquê das suas motivações, da necessidade que têm em construir universos paralelos.
Observar com ternura até, a forma ardilosa e minunciosa com que manipulam verdades.
Não deixo de me entristecer, é certo.
Triste porque não as vejo crescer.
Triste por assistir a tanto talento e inteligência desperdiçados nos meios e não nos fins.
Triste por vê-las definhar, envenenadas nas suas próprias teias.
Na realidade não são Raposas, são antes Dragões de Komodo.
Mordem e esperam – pequenas dentadas, pequenas manipulações de verdades.
Tira-se a estes Dragões o que é a Verdade, e é como retirar-lhes o habitat.
Deixam de ter com o que manipular, perdem a dentadura.
Por vezes tem que ser assim para trazer ao de cima o seu verdadeiro potencial.
É nosso dever ajudar estes Dragões a perceberem o seu valor para deixarem de ser rastejantes de Komodo e passarem a ser verdadeiros Dragões Chineses.
O trabalho efectuado resulta sempre do trabalho desenvolvido.
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