quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Casa cheia de amigos

Já tinha saudades de te escrever.

Lembrei-me hoje de ti e pensei que, agora que já passaram as férias, estivesse na altura de retomarmos as nossas pequenas conversas. 
Ou pelo menos as minhas letras desafiando as tuas reflexões.

Hoje foi dia de estar presente no funeral do Pai de um amigo para dar algum reconforto (dentro do que está ao meu alcance), e foi dia também de honrar em ausência e com um sorriso, a partida de uma Mulher que tive o prazer de conhecer.
Um ser humano que tudo o que quis para si foi conseguir espalhar sorrisos - Beatriz Quintella.
Sei que preferiu simplesmente ir sem flores nem espectáculos, por isso apenas um sorriso basta para honrar a sua viagem.

Estas duas partidas fizeram-me pensar no que é que eu próprio sou como pessoa. 
Sou um conjunto de milhares de pequenos Universos, cada um com a sua mensagem para desvendar.

Tal como matrioskas, 
sou cápsulas dentro de cápsulas.
Camadas dentro de camadas.

E às camadas mais interiores é natural que aceda cada vez menos gente.
Algumas existirão apenas só para mim. Só Eu tenho a chave.
E nalgumas ainda nem sequer tentei abrir a porta.

O desafio de crescer é o desafio de saber e querer criar e descobrir novos jardins interiores, cada vez mais profundos e cheios de sentido, de significado, de corpo e conteúdo.

Ser sábio é ser capaz de manter viva esta semente de criação e em simultâneo abrir cada vez mais as portas, deixando entrar em nossa casa quem nos merece e também quem de nós mais necessita.

Haverão sempre divisões só nossas, mas a nossa casa é uma grande mansão em constante expansão.
Nunca houve razão para viver lá sozinho.




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