terça-feira, 25 de setembro de 2012

Activo renascido

Conheço um casal de idosos que me surpreendente pela sua extrema simplicidade.
Vivem juntos desde sempre e desde sempre que o seu dia é feito de uma rotina diária de lavoura.
De sol a sol, incansáveis.

A minha visão destorcida de cidade diz-me à partida que naquele ar pobre e desgastado só podem viver duas almas encardidas. Não é verdade. De todo.

Basta aproximar-me um pouco para constatar a luz dos seus olhos e sentir o calor da serenidade que transborda dos seus gestos e atitudes.

Olho para este casal e reconheço dois seres que se uniram para o bem e para o mal, por detrás das trincheiras, como forma de ultrapassarem as agruras de uma vida áspera e difícil.

Há um cordão umbilical que os une.
Um sentimento de partilha e confiança.
Um aceitar de diferenças,
Um compreender e adaptar.
Uma procura de um bem maior, a dois.

Penso então nos momentos difíceis que Portugal actualmente atravessa.
A contracção era inevitável face à expansão - É natural e essencial para encontrar o equilíbrio.
Está na altura de voltar a enraizar e reaprender o que se esqueceu.

Recordo o que em tempos um Coronel da Força Áerea Portuguesa que me disse e me marcou:
"Para que serve um contrato de promessa compra e venda - a Palavra não basta?"

À parte dos formalismos legais que são sempre necessários cumprir, o seu comentário
foi inesperado, incisivo e contundente - E com toda a sabedoria que lhe reconheço.

É por isso que inspirado nas suas palavras realço hoje uma das muitas coisas importantes que reaprenderemos com estes momentos difíceis:

O valor da Palavra de um Homem.
A confiança, como forma de ultrapassar uma tormenta.
O companheiro de guerra.
O irmão.

Há que estabilizar o barco para depois rumar em frente.

Perante as dificuldades que se nos apresentam, muito mais do que um CV, uma conquista fácil ou uma acção de marketing eficaz, será essencial de agora em diante poder contar com a coerência e a estabilidade que uma relação de confiança permite como activo essencial para ultrapassarmos esta tempestade.

Recuperar o sentimento de pertença, de tribo ou de pátria.
Reagrupar, para poder voltar a crescer.

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