Avistei ao longe um homem de 30 anos a brincar sozinho com um papagaio.
Ele não estava ali, a pretexto de uma suposta ajuda ao seu filho.
Estava ali, sozinho, com o seu papagaio.
Não havia vento.
Parecia um absurdo o que ele estava a fazer.
Levantava o papagaio e ele naturalmente voltava a cair.
Mas havia um sorriso no semblante deste homem que estava ali no meio do nada, sem vento nem vergonha.
Porque ele estava apenas e só, a brincar, com o seu papagaio.
Reparei que ele estava careca. Não era careca, estava.
Percebi que provavelmente estava a atravessar mais uma ronda de faixas de quimio.
É foi aqui que tudo fez sentido.
Estar ali, mesmo sem vento não era uma parvoíce, era recuperar o tempo perdido.
O tempo que para ele de repente se tornou limitado, agora que viu o fim da aventura mais perto do que supunha.
Sem comentários:
Enviar um comentário