Face à expressão conhecida “A Cereja em cima do bolo” acredito que de nada serve a cereja se não houver bolo.
O bolo é o que faz o enquadramento e cria o valor à volta da cereja.
Vivemos numa sociedade onde o consumo da cereja é cada vez mais frequente e se esquece por completo do bolo, da história, do enquadramento.
O sucesso é efémero e a ilusão uma constante.
Perceber a história por detrás da casta da vinha, da raça do seu mentor, do processo de fabrico e do ritual de decantação é que faz a diferença no vinho.
E o irónico é que no final, o vinho pode ser quase um qualquer.
Porque mesmo que tenha defeitos, aprendemos a gostar deles.
Os defeitos, face à história do vinho, transformam-se em particularidades, diferenças que marcam a diferença.
O “bolo” cria empatia e ecoa no interior dos nossos ossos.
Não é por acaso que são muitas vezes os mais orgulhosos da sua pátria que conhecem melhor a história do seu povo.
Conhecem as suas raízes E é dessas raízes que nasce o orgulho.
O orgulho das suas vitórias, das suas dificuldades sentidas e ultrapassadas e o respeito pelos antepassados que fizeram o mesmo e os inspiraram a seguir o exemplo.
O orgulho que nasce do Sisu - palavra finlandesa que tanto gosto.
Todos queremos saber as histórias porque foi a ouvir histórias que aprendemos a sonhar.
São as histórias que fazem as grandes palestras, os grandes artistas, os grandes produtos.
A história é o que faz o Homem, a Cultura, ou a Família chegar ao que são hoje.
A história são as experiências e as mensagens que dessas experiências são retiradas.
O Homem nada é sem a sua história.
Nada.. a não ser apenas uma cereja no meio de tantas outras à espera de serem colhidas.
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