quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Alzheimer e o poder do extermínio

Alzheimer é uma das doenças mais cruéis.
Sofrer dela é perder a bússola.
Perder o destino, a origem e o caminho.
É perder-se nas profundezas do reino do indefinido.

É morrer, sem morrer, viver, sem viver.

E é mais ainda.
Porque existem os outros - a Família e os amigos que são nossos espelhos.
Esses outros, onde vivem pedaços de nós, pedaços das nossas vidas.
Aqueles, cuja soma de pedaços, constituem aquilo que nós somos - Nós, nas memórias dos outros.

A dor do Alzheimer é imensa por tudo isto.
Porque tem o poder de irradiar de quem padece dela para quem vive com ela. Contamina.
Porque esta doença cruel consegue matar a nossa vida, a nossa herança e a nossa forma de sermos eternos. A nossa e a de quem nos é próximo.

Corta-nos pela raíz.
Extingue-nos, para todo o sempre.

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