segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O grande mistério

A sabedoria popular afirma “A Galinha da vizinha é sempre melhor que a minha”
O António Variações cantava “Estou bem aonde não estou”

E constato que a realidade é mesmo esta:
O ser humano é um ser inquieto, insatisfeito e por isso procura incessantemente outras soluções, sempre diferentes, sempre inovadoras, na demanda de encontrar sempre mais e melhor para saciar a sua curiosidade devoradora.
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Esta inquietude faz-nos avançar e explorar novos mundos.
No entanto, da mesma maneira que conhecemos melhor as galáxias a milhões de anos luz de distância, do que o que quer esteja a mais de 1000m de profundidade (seja no mar ou na terra), também no que diz respeito a nós próprios sabemos muito mais sobre o Mundo que nos rodeia, do que sobre o nosso Mundo Interior.

Esse Mundo denso como o Oceano mais profundo onde se movem os nossos pensamentos, emoções, alegrias.

O Mundo que está constantemente à espera para ser explorado e sempre disponível a qualquer hora do dia.
Talvez por estar sempre aqui, não seja interessante.
Talvez por se assumir como sempre presente, consideremo-lo menos prioritário.
Até que é tarde demais.

Refiro-me em particular à doença de Alzheimer, pela crueldade que representa.
Por nos obrigar a assistir ao definhar em morte lenta daqueles que outrora amávamos.
O Alzheimer que nos faz ansiar pela morte rápida e limpa e que nos permita guardar intactas todas as recordações e sentimentos.
Esse Alzheimer que coloca em causa os nosso afectos.
E o desapego que cresce desenfreadamente, não fora os esporádicos rasgos de lucidez que nos reacendem a alma e que nos mostram que algo ainda está lá.

Mas o que é isso que ainda está lá?
A consciência? O Ser? O habitante do corpo biológico?

O grande mistério por desvendar.

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