sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Perder a face

Há quem diga que o 2º lugar é simplesmente o maior dos perdedores. É verdade.
É onde surge a maior desilusão.
É o sítio onde se esteve mais perto e no entanto tão infinitamente longe.

Diria também que é o melhor sítio para se estar. E porquê?
Porque é onde se aprende mais. Onde se é obrigado a rever todos os porquês e onde inevitavelmente nos tornamos os mais fortes, os mais ágeis, ainda que irreconhecidos pelos demais. Mas é onde temos as nossas maiores vitórias.
É inteligente aprender com os erros dos outros, é certo, mas nunca será de uma forma tão marcante e vincada quando aprendemos com os nossos.

Uma vitória simples de 1º lugar imposta aos restantes adversários, esmagando-os, é a mais vazia de todas as vitórias.

Verdadeira vitória é a que consegue ser totalmente arrebatadora e partilhada de uma forma serena por todos os demais candidatos.

Vitória Maior é consegui-la garantindo que o 2º lugar não perde a sua face.

Exemplo: Caso o Mario Soares delegue à última hora todos os seus votos para Manuel Alegre seria, numa primeira abordagem, um sinal tremendo de derrota, de humilhação.

No entanto para uma personalidade como Mário Soares surgiriam sempre opiniões de que esta decisão só seria explicada por uma atitude magnânime e reveladora de uma estratégia criteriosamente definida desde o momento em que se lançou para contrapor a campanha de Manuel Alegre - ou talvez não..

Ainda assim, a vitória de Mario Soares já foi ganha há muito tempo pela sua dedicação ao nosso país (ainda que polémica em certos momentos da sua vida). Mas é incontornável que se trata de uma grande personalidade. Tal como Álvaro Cunhal.

Quem não foi capaz de reconhecer o grande homem que foi no momento da sua morte, independentemente das suas orientações políticas. Mas eram verdadeiras convicções e isso é o mais importante.

No exemplo que dei, ganha Manuel Alegre pelo seu carácter e ganha Mario Soares por toda uma vida - e ninguém perde a face.

1 comentário:

  1. e se o avesso é a realidade ?
    e o limite delimita a loucura ?, ou será a realidade ela mesma delimitada pela loucura uma não existe sem a outra, mas só podem co-existir, com algo fundamental

    equilibrio

    tão simples e tão dificil de alcançar...se porventura o fôr.


    Abraço

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