sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O reflexo do espelho

O espelho pode ser cruel quando nos vemos nele.
Podemos ver nele os nossos defeitos, a nossa incapacidade de perdoar.
O espelho é ainda mais cruel quando não sabemos que também nós somos um espelho.

A mágoa, a dor, a falta de ar e a desilusão fazem parte do espelho.
Mas também a alegria, o contentamento, o perdão e a paixão.

Sendo espelhos damos aquilo que nos dão. Literalmente. À letra.

Na Feira Popular existem vários espelhos:
Uns que pioram a nossa imagem, outros que a aumentam,
Uns que a diminuem, outros que a enfatizam.

Podemos apenas refletir o que se nos apresenta ou podemos refletir transformando.
Pegar na dor e transformá-la em alegria.

Em momentos de desconforto é por vezes difícil descobrir ou relembrar que existem em nós outros estados de alma noutros locais com outras pessoas.
Por vezes é difícil saber que temos em nós olhares de confiança para com os nossos irmãos.
Somos nós retratados em diferentes reflexos a cada pessoa que passa.
Diferentes vertentes da mesma pessoa.
Diferentes faces em diferentes lugares.
Incoerentemente coerentes.
E isto não é hipocrisia ou cinismo.
É simplesmente o espelho no seu estado mais puro.
Espelhando o meio ambiente.
Sempre.

No que me diz respeito ainda não consigo transformar o que recebo.
Sou um aprendiz. Sou um espelho simples.
Estou cá há muito pouco tempo.
Não tenho apenas 2 faces mas apenas 2 bastam para perceber que não é fácil perdoar.
A caminhada é longa.
Este é apenas mais um passo.

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