segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Nostalgia do tempo presente

Olho para o teu sorriso de criança e sinto em mim a “Nostalgia do Agora”.
A Saudade que será vivida no Futuro, mas que por ser tão Grande, consegue já ser sentida Agora, enquanto ainda somos Presente.

É como se de repente um outro Eu nascesse em mim, por detrás do meu próprio olhar.
E em paralelo, à medida que brinco contigo, ele contempla, com a nostalgia de recordar no futuro, este preciso instante.
Um outro Eu, que quer lembrar-se de todos os detalhes e que por isso inunda o meu pensamento atual e distrai, enquanto eu olho para ti.

É duro saber que recordar nunca será viver.
E por ter plena consciência desta tamanha injustiça, caio na tentação de deixar crescer em mim a ânsia tremenda de, por um lado, querer aproveitar cada momento e por outro, querer fotografar cada olhar, cada sorriso, para guardá-los bem fundo no meu coração.

Mas a frustração é grande.

Sei que Depois nunca será o Agora.
Sei que, ou sou fotógrafo, ou faço parte da fotografia.
Sei que quando quiser relembrar, restarão apenas alguns pedaços soltos.

Por isso,
Curvo-me perante a crueldade do Tempo que esmaga ao ensinar que já não posso ter depois, o que é para ter Agora.
O Tempo, esse professor impiedoso, ensina-me que tudo existe uma única vez e é por isso que é tudo tão precioso.

Cabe-me, como bom aluno,  tentar aproveitar,
para não vir a sofrer de Alzheirmer,
sem de Alzheirmer padecer..

..Inspirado no livro “Thinking Fast and Slow” de Daniel Kahneman, onde aborda os dois Eus: o “Experiencing self” e o “Remembering self”.


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