Quando nos empenhamos muito em determinada causa somos tentados a cair no erro que haverá algo lá para a frente, que nos recompensará por tudo aquilo que estamos a abdicar.
Algo que mora para lá do nosso empenho, do nosso gosto em fazer as coisas bem feitas, de viver cada paixão intensamente.
Lembra-me um pouco o logro que representa a miragem da reforma.
Ao cair neste pecado, mais cedo ou mais tarde, recebemos em
troca o amargo da desilusão, quando percebemos que afinal não há nada à nossa espera.
Fica um buraco no estômago,
Uma sensação de apego, Uma incompreensão sobre todos os anos, todas as escolhas, todos os adiamentos.
Resta o Luto.
O luto que lava as mágoas do que não se fez, e que também abre
espaço a novos caminhos.E depois, erguer os ombros e levantar a cabeça.
Devemos viver intensamente as nossas causas e as nossas paixões simplesmente
pelo que elas são, sem esperar nada em troca.
A Troca reside em vivê-las.
Quanto mais virmos dessa forma, menos necessidade teremos do luto e mais capacidade teremos para estar atentos e abertos para abraçar novas causas, quando delas somos mais precisos.